- Antonio Pietrobelli
Cresce exportação de cachaça para mercado europeu
EAs exportações de cachaça cresceram em 2020 – em valor e volume – para alguns países europeus, de acordo com dados do Comex Stat, compilados pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), apesar da pandemia. A Alemanha, por exemplo, importou 1,10 milhão de litros de cachaça em 2020, um volume 2,74% maior do que em 2019. Em valor, a variação anual foi de 6,44%, passando de US$ 1,25 milhão em 2019 para US$ 1,33 milhão em 2020. As exportações para a França, outro país que comprou mais cachaça no comparativo entre 2019 e 2020, aumentaram em 9,45% em valor e em 24,53% em volume.
Considerando os números totais, referentes aos 70 países para os quais a cachaça é vendida atualmente, o Brasil exportou 5,57 milhões de litros da bebida em 2020, número 23,9% menor do que em 2019, quando foram vendidos 7,33 milhões de litros. Esse volume representou um faturamento para o setor de US$ 9,5 milhões em 2020 – 34,8% menor do que os US$ 14,6 milhões do ano anterior, refletindo as dificuldades enfrentadas por vários setores da economia devido à pandemia.
Para Carlos Lima, diretor-executivo do Ibrac, 2020 foi um ano desafiador, mas o crescimento na venda de cachaça para alguns mercados europeus dá sinais de cenários mais promissores para o destilado brasileiro neste e nos próximos anos. Além disso, iniciativas como a parceria do Instituto Brasileiro da cachaça com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) fortalecem a promoção do setor. No final de 2020, a execução do Projeto “Cachaça: Taste the New, Taste Brasil” foi renovada, com ações previstas para o biênio 2020/2022, que incluem rodadas de negócios, participação em feiras internacionais e eventos com jornalistas e formadores de opinião. “A renovação e continuidade do projeto desenvolvido em parceria pelo Ibrac e pela Apex-Brasil tem o objetivo de consolidar o reconhecimento da bebida no mercado externo como um destilado genuinamente brasileiro e de qualidade internacionalmente competitiva”, diz Carlos Lima. Assinado no final de 2020, o novo convênio terá investimentos de R$ 3,4 milhões, e a meta de apoiar mais de 50 empresas de todos os portes, até o final de 2022. O objetivo é ampliar a base exportadora, além de aumentar o valor das exportações de cachaça. O projeto vai trabalhar inicialmente os mercados prioritários como Alemanha, EUA, França, México, Reino Unido, Itália e Chile, e como mercados secundários, Bélgica e Suíça. Já a cerveja pode ficar bem mais cara em 2021. Com a crise causada pelo novo coronavírus sem data para acabar e o dólar em constante alta, a previsão é de que insumos que precisam ser importados, como o lúpulo e o malte, e problemas na produção de embalagens e na cadeia logística, encareçam a bebida preferida dos brasileiros ao longo do ano. Segundo Carlo Enrico Bressiani, diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM), os comerciantes estão segurando os preços o máximo que podem, e embora não seja possível cravar uma porcentagem de aumento, o reajuste deve ser entre 10 e 15%. “A constante alta do dólar gerou impacto no custo dos commodities, sem contar o custo de energia elétrica, que também aumentou. Esses fatores tiveram influência direta no preço das bebidas. Se foi possível segurar até o momento, certamente o impacto vai desaguar em 2021. O Brasil é um país fechado, cheio de burocracia e que enfrenta problemas com a variação cambial. Quem sofre mais são as pequenas empresas, porque a maioria não tem contratos de compra e fornecimento mais estáveis e adquirem produtos conforme a demanda, mas até os grandes terão de aumentar o preço para o consumidor final”, diz. Outro sério problema da indústria é a falta de embalagens. Cerca de 30% das empresas brasileiras registram falta de produtos ou dificuldade de entrega por parte de fornecedores, segundo uma sondagem especial realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A cerveja, que ocupava 55% do mercado de latas de alumínio antes da quarentena, chegou em junho a um recorde de 70% do share entre as bebidas que utilizam a embalagem, segundo dados do semestre divulgados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), mas, segundo Edinelson Marques, especialista em comércio exterior e logística aduaneira, não há falta de alumínio, mas produção industrial suficiente. “No Brasil não há falta de alumínio, até porque a maior parte da matéria-prima produzida volta por meio da reciclagem, algo que não é tão comum na cadeia de vidro. O que falta é produção industrial na escala necessária para atender a esse novo padrão de consumo. Por isso a maior cervejaria do Brasil, a Ambev, recentemente inaugurou uma nova fábrica de latas, em Minas Gerais, para tentar equilibrar essa nova demanda de mais latas e menos garrafas”.
O especialista garante ainda que é importante observar a reação do mercado de commodities, especialmente em relação à China. “Outro padrão que vem acontecendo nos últimos meses é a compra, pela China, de boa parte dos grãos do mundo (trigo, soja, arroz, cevada, milho). Isso reduz a oferta e faz os preços dispararem – não por falta de produto mas porque o produtor não tem interesse em vender sabendo que pode obter preços melhores com a pressão chinesa”, pontua.