- Antonio Pietrobelli
Bancos demitem mais de 10 mil trabalhadores
Os três maiores bancos brasileiros (Itaú-Unibanco, Bradesco e Santander) demitiram mais de 10 mil trabalhadores durante a pandemia, denuncia a Centra Única dos Trabalhadores (CUT). No ano passado, mais de 1.500 agências foram extintas.]
A justificativa, de acordo com a CUT, é a de que o “futuro é digital”, e os bancos alegam pretender investir nesta forma de autoatendimento. Outra explicação é que são reestruturações que têm como objetivo eliminar despesas com imóveis, unificando agências que sejam próximas umas das outras.
“Não há outra explicação a não ser uma ganância pelos lucros e para isso, o corte de gastos”, protesta Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
A dirigente lembra que, durante a pandemia, houve um aumento das transações digitais, mas ao mesmo tempo o que se viu, em especial nos bancos públicos, foi o aumento de filas com pessoas que procuravam o atendimento presencial.
“Ficou bem clara a importância do atendimento dos bancos durante a pandemia. A Caixa, por exemplo, teve papel fundamental para o pagamento do auxílio emergencial e o Banco do Brasil para socorrer pequenas empresas”, diz a presidente da Contraf-CUT.
A dirigente sindical afirma que há sobrecarga de trabalho com a redução do número de empregados. “Quando um gerente de contas é demitido, outro vai ter que ficar com a carteira dele e ligar para todos esses clientes todos os meses. E ele não dá conta. É impossível”, relata Juvandia.
“O Banco Central é o órgão controlador do sistema financeiro e permite que os bancos fechem agências durante a pandemia, mesmo causando prejuízos aos clientes, de ter que se deslocar a um lugar mais distante e de municípios”, complementa a dirigente.
O Itaú fechou 117 agências no ano passado. No 4° trimestre, tinha 353 empregados a menos que no trimestre anterior, mas no balanço do ano, o saldo de postos de trabalho ficou positivo porque o total de trabalhadores do banco passou a contabilizar também os empregados da ZUP, empresa de tecnologia adquirida pelo banco em outubro de 2019, segundo a Contraf.
O Santander fechou 175 agências e 3.220 postos de trabalho. O Bradesco encerrou 1.083 agências e demitiu 7.754 empregados, segundo dados levantados pelo Dieese para a CUT.